Este texto não trata da “vida” em sua singularidade, não é a
subjetividade alheia sobre que venho questionar, eu penso que assim como eu,
muitos jovens estão insatisfeitos com a lógica vertical de conhecimento, não
nos enquadramos com a lista de carreiras que nos oferecem, não nos sentimos
confortáveis ao ver nossos destinos traçados, não nos escutam, uma faculdade
não transforma uma pessoa, uma mente transforma.
Pais e mães, eu digo que nascemos inquietos!
São muitas perguntas e não retornam respostas, então estamos
buscando sozinhos.
Alguns ainda temem e seguem a vida que o sistema desenhou,
mas muitos não querem dedicar a vida ao trabalho, não querem perder a vida para
ganha-la.
Apresentam-nos, desde que saímos do ventre, uma vida baseada
em competições.
Tive que ser o mais rápido para alcançar o óvulo, tenho que
atingir a melhor nota para passar no vestibular, tenho que me destacar no emprego para
conseguir uma promoção, tenho que ganhar mais dinheiro para pagar as contas do meu
cartão-de-crédito o qual parece vir mais caro a cada mês e acabo concluindo que
vivo e trabalho apenas para pagar minhas dividas e minhas sonhadas viagens,
sonhos e a vontade de fazer algo diferente no mundo acabam ficando a cada dia
mais distantes.
E no fim, meu fim seria
este?
Formar-me, arranjar um emprego, ser um bom funcionário que engole sapos
todos os dias para manter um padrão e continuar alimentando o sistema capitalista,
ter uma família como é de “praxe” e
assim fazer com que a lógica continue.
Eu vejo este futuro, eu imagino ele e eu não me sinto feliz
e realizada. Vivendo assim, eu vejo uma
vida sem sentido, eu vejo uma pessoa vazia, na verdade não vejo vida.
Acredito que somos capazes de mais, afinal somos o futuro,
não?
Claro que cada um tem seus próprios sonhos, mas há muitas
pessoas que desejam levar suas vidas de uma forma “alternativa”, unir o útil ao
agradável, eu não preciso de riquezas, eu preciso fazer algo que tenha um
significado (ao meu ver) e que consiga suprir ao menos minhas necessidades.
Afinal, não preciso de Iphone, TV de 50 polegadas, o melhor
computador, a roupa da moda, o perfume das celebridades, o carro mais rápido, a
casa mais cara, na verdade isso é o que fazem acreditar que precisamos. Tudo o
que precisamos é comida (não um monte de lixo industrializado que consumimos),
uma cama para dormir, um cobertor (quando estiver frio), roupas para cobrir o
corpo (já que nossa sociedade exige), ar puro para respirar, água potável e é
sempre bom procurar conhecimento, não aquele conhecimento totalitário, mas conhecer
todos os lados, leia bastante, procurar os conhecimentos que despertam paixão
dentro de nós.
Se pararmos realmente para analisar, nossa sociedade nos
cria para morrermos lentamente.
Somos educados para desempenharmos funções, para consumirmos
em massa, reproduzirmos e vivermos vidas que prejudicam a cada dia mais nossa
saúde.
Não quero perder minha vida perseguindo bens, quero fazer
algo digno, prazeroso, viver de forma que ao chegar no fim da vida eu possa
dizer que realmente valeu a pena.
Tudo que pedimos é espaço para nossos questionamentos,
pedimos tempo para que possamos trilhar nossos próprios caminhos sem que outros
decidam o que seremos, pedimos que respeitem nossas decisões – mesmo que não
concordem, mesmo que fuja a tradição – vamos experimentar até encontrar e caso
não encontre, criaremos o caminho.
Mãe, pai - peço que
não temas por mim - me acho no decorrer da estrada, estamos indo contra a maré,
mas pessoas corajosas precisam se livrar do comodismo.
"A hora-trabalho é uma ideia vertical e moderna, ao passo que hoje os jovens têm apego a questões ligadas à criatividade. É uma mudança de valores, uma questão da qualidade de existência. Não querem mais perder a vida para ganhar a vida, não querem mais desperdiçar a vida para ganhar algo. Os jovens têm a ideia de transformar a sua vida em uma obra de arte. Esse é um dos cernes da diferença entre a modernidade e a pós-modernidade." Michel Maffesoli
"A vida está pré-determinada, eles já escolheram os nossos destinos, nossas carreiras e nossos impostos, até o fim. É só isso mesmo?" Autor desconhecido
Os tempos são outros e hoje o que eu quero não tem nome, nem
é uma coisa só, é apenas um caminho diferente.
Recomendo filme: Into the Wild
Nenhum comentário:
Postar um comentário